segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Trigésimo Primeiro Dia de Janeiro e Algumas Reflexões...


É incrível como alguns momentos da nossa vida presente nos linkam imediatamente com um distante passado, numa espécie de dejávù estranhável.
De fato, acompanhar as fases de minhas pequenas filhas, principalmente na menina Ludmila, me faz viajar quase trinta anos atrás no tempo para a mesma idade, e como por mágica, sou inundado por flashs de tempos primais da minha vida, e de como eu percebia o tempo e o mundo.
As datas, dias, anos e épocas sempre foram importantes para mim. Creio que tenha aprendido o calendário antes mesmo de aprender direito sobre semáfaros de trânsito. Fui criado de uma forma que levaria qualquer um a péssimos estados psicológicos na minha idade. Não não, nada de abusos físicos, sexuais ou trabalhos forçados, falo do caos. A força destrutura do caos e da deseducação. Era filho mas fui criado como neto. Só que sem as regalias de neto. Ou pelo menos, sem todas. Em suma, me criaram sem parâmetros de adequação ao mundo à minha volta e à minha geração. Meus pais já eram quarentões quando eu nasci, e isso somado ao fato de minha mãe ser uma anacrônica convicta, já era.
Tento passar pra minha filha as melhores sensações possíveis, uma percepção bem clara da vida (nos limites de sua idadezinha é claro) e construir com ela as melhores lembranças possíveis. Mas deparo-me com a assustadora realidade de que, mesmo que consiga evitar os erros de meus pais nas minhas filhas, não sei se conseguirei poupá-la dos meus próprios erros. E aí vem a pergunta que me aflige: qual será o impacto dos meus erros sobre as vidas das minhas pequenas? Oro a Deus que o menor possível.
Eu e minha esposa apanhamos há 7 anos tentando construir uma vida "normal". Agora que ela parece próximo disso descobrimos que a própria também esconde seus muuuuitos problemas. Ou seja, é uma luta sem fim, mas sempre parece que em nosso coração estamos ansiosos, numa ardente expectação por algo mirabuloso que virá por acontecer. Só que às vezes me pergunto se virá mesmo. Mas aí eu mesmo vejo que, mesmo que não venha algo fantástico, sempre algo bom virá, porque a vida não é só feita de más surpresas, e aliás, temos quem vele por nós.
Saber viver de modo que a ansiedade não nos consuma e a complascência não nos paralize talvez seja o caminho da felicidade.